Já o dia da Visibilidade Lésbica é comemorado no dia 29 de agosto. A data foi escolhida em alusão ao I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1996. O SENALE foi um espaço fundamental onde aconteceram vários debates em torno da lesbianidade, e também um espaço de auto-organização das mulheres, dando visibilidade as reivindicações e rumos do movimento. A lesbofobia é um fator presente em nossa sociedade regida pelo heteropatriarcado, machismo, fundamentalismo, sexismo e principalmente pelo racismo, pois se além de ser lésbica, a mulher for negra a opressão vivida é maior ainda. Segundo dados de uma pesquisa feita com 150 mulheres de 17 a 57 anos, pela “Rede de Informação Um Outro Olhar”, 60% das mulheres não heterossexuais quando vão ao ginecologista não revelam sua orientação sexual. Na saúde temos dados alarmantes de despreparo dos/das profissionais da área, em relação às especificidades das lésbicas. Apesar de termos avançado, ainda temos pouquíssimos dados como artigos e pesquisas publicados sobre saúde em relação às mulheres não heterossexuais. Ate hoje não temos insumos de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis específicos, uma demanda constante do movimento. Por que quando a homossexualidade é discutida o debate é direcionado aos homens gays? Vivemos em mundo cuja cultura do patriacardo interfere diretamente na opinião das pessoas, que por preconceito preferem ignorar a homoafetividade feminina. Quando enfrentamos os desafios cotidianos percebemos que a saída contra a invisibilidade lésbica não é individual, mas sim um projeto coletivo de outra sociedade, sem les/bi/transfobia. Temos que unificar as lutas com os demais movimentos sociais, incorporando efetivamente ações concretas contra a cultura heteropatriarcal, e por um mundo livre de opressões.
Wládia Fernandes
Militante Lésbica do Ceará
Militante Lésbica do Ceará
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