terça-feira, 19 de agosto de 2008

A palavre é visibilidade!

No mês de agosto acontece a semana da Visibilidade Lésbica, que vai do dia 19 ao dia 29. O dia 19 de agosto é o dia nacional do Orgulho Lésbico, representando a primeira grande manifestação de lésbicas no Brasil, que aconteceu na cidade de São Paulo, em 1983, no Ferro’s Bar. O ato acorreu em decorrência de algumas ativistas do Grupo de Ação Lésbica Feminista (Galf), terem sido impedidas de vender os folhetins da associação que tratavam da temática lésbica. Várias ativistas relataram que foram perseguidas e constrangidas por policiais e seguranças do estabelecimento, desencadeando vários protestos e atos políticos.
Já o dia da Visibilidade Lésbica é comemorado no dia 29 de agosto. A data foi escolhida em alusão ao I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1996. O SENALE foi um espaço fundamental onde aconteceram vários debates em torno da lesbianidade, e também um espaço de auto-organização das mulheres, dando visibilidade as reivindicações e rumos do movimento. A lesbofobia é um fator presente em nossa sociedade regida pelo heteropatriarcado, machismo, fundamentalismo, sexismo e principalmente pelo racismo, pois se além de ser lésbica, a mulher for negra a opressão vivida é maior ainda. Segundo dados de uma pesquisa feita com 150 mulheres de 17 a 57 anos, pela “Rede de Informação Um Outro Olhar”, 60% das mulheres não heterossexuais quando vão ao ginecologista não revelam sua orientação sexual. Na saúde temos dados alarmantes de despreparo dos/das profissionais da área, em relação às especificidades das lésbicas. Apesar de termos avançado, ainda temos pouquíssimos dados como artigos e pesquisas publicados sobre saúde em relação às mulheres não heterossexuais. Ate hoje não temos insumos de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis específicos, uma demanda constante do movimento. Por que quando a homossexualidade é discutida o debate é direcionado aos homens gays? Vivemos em mundo cuja cultura do patriacardo interfere diretamente na opinião das pessoas, que por preconceito preferem ignorar a homoafetividade feminina. Quando enfrentamos os desafios cotidianos percebemos que a saída contra a invisibilidade lésbica não é individual, mas sim um projeto coletivo de outra sociedade, sem les/bi/transfobia. Temos que unificar as lutas com os demais movimentos sociais, incorporando efetivamente ações concretas contra a cultura heteropatriarcal, e por um mundo livre de opressões.




Wládia Fernandes
Militante Lésbica do Ceará

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