É impressionante como a defesa dos direitos das mulheres está presente na grande maioria dos discursos enfatizados pelos homens, nos últimos tempos. De certa forma, isso tem seu lado positivo, pois a nossa luta constante pela igualdade de direitos sai da linha de discussão no nosso campo feminista e se torna um debate persistente na sociedade, mesmo incomodando muita gente. O problema dessa apropriação é que na realidade o que percebemos, é que falar de mulher tornou-se moda. É um fator constrangedor, não citar as mulheres em sua especificidade. Mas a contradição está justamente em não perceber que as mulheres devem ser protagonistas desse debate e achar que uma citação, um discurso, uma ênfase nos torna comtempladas, é no minímo uma grande ignorância. Observa-se claramente o esforço e exagero de sermos lembradas nos espaços públicos mas a simples representação ainda contina. É como se pelo fato de termos sidos chamadas a compor uma mesa ou ouvir nossos nomes citados, basta-se. E os homens tentam empoderar-se do discurso e que muitas de nós sabemos que não ultrapassa os limites da teoria. Reconhecer que as mulheres são capazes de construir e contribuir em um novo modelo de sociedade igualitária entre homens e mulheres, ainda está muito longe de ser fortalecido pelos homens e não nos enganemos, nunca será! Pautas historicamente, recolhidas no mundo masculino, para nós é quase uma posição de afronta, quando tentado por nós, expo-los, no amplo debate coletivo. È como se fosse um absurdo levantar alguns questionamentos e sempre existe a associação de exagero e dramatização de nossa parte. Os abafamentos de posições e tomadas de decisões, regadas de puro machismo, são intoleravéis e não podemos tratar isso de forma naturalizada! Não podemos ter receio, medo ou cautela de enfrentar esse debate, principalmente, entre nós. Está mais do que na hora, de provocar essa discussão e cobrar que as falas sejam associadas a prática cotidiana. Não podemos ficar caladas e deixar que homens se utilizem de nossa luta, para interesses que beneficiam somente aos interesses pessoais ou de um coletivo masculino.
Acredito que possamos reverter esses posicionamentos, tendo clareza que não é uma tarefa fácil. È preciso coragem e muita disposição de mudar a lógica de uma sociedade culturalmente marcada pelo machismo. Mas não é impossível, para isso temos que nos fortalecer e estarmos dispostas e juntas na luta diariamente. Sem deixar nada passar, sem nada temer e nunca perder a esperança que podemos e somos capazes de mudar.
Contem comigo nessa empreitada! Sou socialista e feminista e nunca vou abrir mão!
Débora Mendonça
Miltante da Marcha Mundial das Mulheres
Militante da Democracia Socialista